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orgulho e resistências: LGBT na ditadura | memorial da resistência sp

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Projeto expográfico, projeto gráfico e comunicação visual realizado para a exposição Orgulho e Resistências: LGBT na ditadura, realizada no Memorial da Resistência de São Paulo entre outubro de 2020 e abril de 2021. A mostra, em parceria com o Museu da Diversidade Sexual, tem curadoria de Renan Quinalha e faz um recorte sobre as relações entre autoritarismo e diversidade sexual e de gênero no período da ditadura militar brasileira.

Por se tratar de um conteúdo que simultaneamente tensiona temas como a violência e a liberdade, o partido expográfico procurou relacionar os contrastes presentes em toda narrativa curatorial em duas materialidades divergentes: os quadros metálicos – pesados e opacos – fazem a estrutura primária e organizam os painéis expositivos como elementos rígidos, enquanto os planos de tecido – leves e translúcidos – criam a ambiência da sala, separando os módulos temáticos fisicamente com algumas aberturas e intersecções visuais. A leveza e transparência dos tecidos convoca o visitante a experienciar de forma esperançosa um tema delicado e, muitas vezes, doloroso, ainda se tratando da mostra ser no Memorial da Resistência, edifício da antiga sede do DEOPS e que hoje dedica importante acervo à memória da ditadura militar. Como resultado conceitual, temos um espaço moldado por uma intensa relação entre repressão e diversidade, arte e censura, trazendo a potência de ambos durante o percurso, que por vezes se dá de uma maneira mais imersiva.

O projeto gráfico teve como desafio comunicar de modo contemporâneo um tema de extrema relevância para a atualidade, contudo enfatizando o caráter histórico da exposição em questão, que revisita arquivos de cerca de 50 anos atrás. A temática LGBTQ+ possui nos dias de hoje suas cores e bandeiras, que já compõem nosso imaginário coletivo. Contudo, esse simbólico, a exemplo das cores do arco-íris, foi produzido em um período posterior ao período retratado. Por isso nos propusemos a revisitar a estética das revistas independentes, da comunicação de massa vista nos panfletos, prensados, nas comunicações dos cinemas, das boates e bares. Nossa escolha pela família DRUK se deu por ser uma fonte expressiva, extensamente utilizada no século XX para comunicação de massa, cartazes, posters, letterings. As cores que vão do grito do vermelho até o gemido do rosa, foram propostas propositalmente por serem cores potentes com pouco contraste entre si. Uma contém a outra, e seu degradê utilizado na maior parede expositiva representa todos os tons dentro dessa paleta. A ideia foi brincar com as nuances de modo a tornar sutil a mudança de uma cor para a outra, e não assumir nenhuma das duas: sejam elas a representação da violência, do prazer, do grito, da repressão, da tensão ou do tesão.

ficha técnica
projeto expográfico – goma oficina
Ana David
Christian Salmeron

projeto gráfico e comunicação visual – goma oficina
André Stefanini
Maria Cau Levy

fotografia
Marina Lima
Julia Thompson

coordenação Memorial da Resistência SP
Ana Pato

curadoria
Renan Quinalha

co-curadoria e pesquisa 
Julia Gumieri
Leonardo Arouca
Marília Bonas

mediação virtual
Casa 1 – Centro de Cultura e Acolhimento LGBT

produção
Angela Gennari (Projetos Culturais – APAC)
Bárbara Rodrigues Tavares (Projetos Culturais – APAC)

tratamento e edição de imagens
Estúdio 321

execução de expografia
Artos Cenotécnica

montagem
Gala Art Installation


english version

We worked on the exibithion, graphic and visual communication project for the exhibition Pride and Resistances: LGBT in the dictatorship, held at the São Paulo Resistance Memorial between October 2020 and April 2021. The exhibition, in partnership with the Museum of Sexual Diversity, curated by Renan Quinalha, highlights the relationship between authoritarianism and sexual and gender diversity during the period of the Brazilian military dictatorship.

Because it is a content that simultaneously tensions themes such as violence and freedom, the exhibition design sought to relate the contrasts to the present moment in the entire curatorial narrative in two divergent materialities: the metallic frames – heavy and opaque – creates a primary structure and organizes the panels exhibits as rigid elements, while the fabric planes – light and translucent – creates the ambience of the room, separating the thematic modules physically with some visual openings and intersections. The lightness and transparency of the fabrics invites the visitor to experience a delicate and often painful theme, although the exhibition is on display at Resistance Memorial, building of the former headquarters of the prison and torture site, which today dedicates an important collection to the military dictatorship history. As a conceptual result, we have a space shaped by an intense relationship between repression and diversity, art and censorship, bringing the power of both along the way, which sometimes takes place in a more immersive way.

The challenge of the graphic project was to communicate, in a contemporary way, a topic of extreme relevance for the present, however emphasizing the historical character of the exhibition in question, which revisits archives from about 50 years ago. The LGBTQ + theme in contemporary times has its colors and flags, which is already in our collective imagination. However, this symbolism, like the colors of the rainbow, was produced in a period after the one portrayed. Hence our objective to revisit the aesthetics of independent magazines, mass communication seen in pamphlets, in press, in cinema, nightclub and bar communications. Our choice for the DRUK family came from being an expressive font, widely used in the 20th century for mass communication, posters, letterings. The colors ranging from the scream of red to the groan of pink, was proposed because they are powerful colors with little contrast between them. One contains the other, and its gradient used on the largest display wall represents all the tones within that palette. The idea was to play with the nuances in order to make the change from one color to the other subtle, and not assume either: be they the representation of violence, pleasure, shout, repression, tension or lust.