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[arquitetura, pesquisa]

cobertura para cocho

Recentemente revisitei um projeto, que em 2013,  tive a oportunidade de participar, acompanhar o desenvolvimento e execução. Tratava-se de um sistema de cobertura para cocho de animais, que foi implementado na Fazenda Escola da Uniube, que fica às margens da BR 0-50, no município de Uberaba.  Ao todo foram construídas quatro coberturas.

A estrutura é composta de pilares em madeira roliça que suportam vigas longitudinais que, por sua vez, recebem as treliças transversais. As colunas estão alinhadas aos cochos, de tal maneira que o beiral com um balanço generoso provê uma sombra sem obstáculos para os animais. Essa medida dá uma leveza a cobertura, e ao mesmo tempo foi adotada por razões de segurança, de modo a impedir o choque dos animais com os principais elementos de sustentação. Se por um lado o balanço protege os animais, os vão central protege o operador dos tratores.

A solução de treliças biapoiadas foi uma decisão tomada tendo em vista a necessidade do vão livre na galeria central, sem tirantes horizontais, que permitisse a operação dos tratores, sem risco de choque com a estrutura. Uma tesoura com o banzo inferior obrigaria um pé-direito mais alto, que por sua vez resultaria em um balanço maior, logo aumento de área, para que pudesse proteger adequadamente os animais e o substrato no cocho.

Protegido do sol e da chuva, o operador pode executar o abastecimento de alimento protegido das intempéries, tornando o trabalho mais eficiente (permitindo operação com chuvas ou sol fortes) e mais salubre para o trabalhador (sombreado, seco).

As treliças foram dimensionadas pelo engenheiro calculista Roberto Pinheiro, com notada experiência de quase quarenta anos em coberturas, metálicas e de madeira. A obra foi executada pela Elo Engenharia, pequena empreiteira tocada por meu pai.

O diálogo entre projetistas, executores, operadores e clientes, demonstrou para mim a importância da cooperação na arquitetura. Ainda que para a concepção de  um programa relativamente simples, como essa cobertura cuja finalidade era a de criar sombra para trabalhadores e animais.

 

 

vitor pena

vitor b. p. elias é arquiteto e urbanista formado pela Escola da Cidade (2011). Cursa a pós-graduação em habitação pelo IPT (instituto de pesquisas tecnologicas de Sao Paulo), onde desenvolve pesquisa referente à industrialização na construção civil com foco em sistemas construtivos modulares flexíveis e a adaptabilidade e reversibilidade na arquitetura. Integrante da Goma Oficina desde 2010

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