catálogo de afetos
Tenho uma coleção particular de flores e pedras que carrego de lugares específicos. Seco as plantas dentro de livros, uma herança criativa do meu pai, criando assim, pequenos herbários: coleção de plantas dessecadas, conservadas e organizadas segundo uma sistemática, geralmente para fins de pesquisa científica; no meu caso o objetivo é sistematizar memórias. Comecei então a pesquisar herbários, e descobri o fabuloso herbário de Emily Dickinson, que me inspirou a dar continuidade a essa pesquisa.
Em 2017 participamos da Feira Plana “Fim do Mundo”, ainda inspirada por Emily, resolvi eternizar meu herbário em um zine. Gostaria de manter as transparências e opacidade que sugeriam as plantas e pedras, então a primeira tentativa foi usar uma mesa de luz e escaneá-las. O resultado não foi positivo, então, resolvi com a ajuda do fotografo, artista e amigo – que me presenteou com uma linda renda portuguesa, Fernando Banzi, registrá-las através da fotografia. Usamos um acrílico leitoso com base e flash por cima e por baixo. O resultado foi a revelação dos órgão internos das flores e a estrutura das pedras. O nome Antologia Afetiva #1 veio da vontade de dar continuidade a essa pesquisa afetiva, de catalogar os lugares e sensações por onde passo.
Imagens acima: primeiros estudos com mesa de luz e engarrafando memórias.
O formato escolhido foi o do zine clássico, com dobraduras e recortes, que pode ser utilizado com cartaz ou livreto, no formato 10 x 13,8 cm. De um lado combinei as plantas e as pedras por “temas” cromáticos, e do outro, criei uma composição com tudo ao mesmo tempo, isso tudo no papel pólen bold. O zine esgotou rapidamente, então como desdobramento disso, resolvi fazer um cartaz botânico monocromático azul, que foi impresso em risografia no papel pólen.
É extremamente novo e gratificante para mim ver meus afetos catalogados e eternizados por aí, nas casas de amigos e desconhecidos.