[design gráfico, pesquisa]

estudo sobre cristalografia para música de selvagem

03 | 09 | 2018 – maria cau levy

Esse disco foi feito no limite. As linhas são finas, a fonte pequena, as margens apertadas. Por todos os lados se tira a segurança e o conforto do observador que procura algo que agrade sua racionalidade. Dentro das linguagens clássicas, com as ferramentas do cristalógrafo – aquele que pesquisa o desenho dos sólidos – compasso, régua, escalímetro, transferidor, se constrói um jogo de alquimia com o papel e a tinta.

encarte. foto fernando banzi

“Uma pedra preciosa, mas ao mesmo tempo apenas um volume que preenche uma folha em branco ou o espaço. A matemática é a melhor pista. Maria Cau Levy, artista plástica, arquiteta e designer que assinou a arte do disco, tem desenvolvido uma pesquisa fascinante que envolve padrões, repetição, formas geométricas, música e matemática.” Música de Selvagem pela Bravo

estudos e experimentações. foto acervo pessoal

Inicialmente a arte seria um cartaz dobrado em formato de envelope. Experimentamos em papel kraft e papel vegetal – que seria interessante por conta das transparências e sobreposições. Contudo de última hora o selo português Shhpuma topou lançar o disco, e tivemos quer nos adequar a faca padrão deles. (imagem abaixo)

testes de papel. foto fernando banzi

Os primeiros croquis surgiram através de um livro lindo que Ana David me deu sobre cristalografia. O livro em espanhol, hablava das estructura de los cristales, de la temperatura, la piroelectricidad, los intervalos, los metales cargados positivamente. Fiquei recortando formas e palavras, palavras e formas. Me deu vontade de jogar com elas no papel, sendo as palavras como formas e as formas como palavras.

colagens de estudo. foto acervo pessoal

Depois dessas viagens eu fui para o computador, e ouvindo o som, comecei a desenhar os sólidos fantásticos dentro de uma grade milimetrada. Desconstruindo os sólidos platônicos e criando cristais imaginários. Quis jogar com esse som que tanto mexe comigo, em um lugar irracional e simultaneamente tão dentro de um universo ordenado, que inicia com o próprio pulsar do tempo.