sesc limeira
inserção na paisagem
Visto da avenida, o edifício assume o diálogo com o espaço público, se tornando uma referência legível para o vale. Visto desde a rua de cima, onde se integra ao tecido habitacional existente, o edifício se assemelha em porte e gabarito às construções adjacentes criando uma frente urbanizada.
2 – transposições públicas
A integração da Unidade com a cidade é provocada pelas transposições. Entendidas como espaço público, democrático e vivo, as transposições proporcionam a convivência entre funcionários, usuários e transeuntes, promovendo cidadania. As transposições propostas contribuem, também, para setorização do edifício.
2.1 – transposição transversal ao terreno
Um conjunto de escadarias, arquibancadas e rampas (com declividade 5%) que possibilitam a conexão entre a Avenida Luís Vargas e a rua João Ciarrochi. A natureza dessa transposição é a de uma escadaria-parque. Uma fusão entre fluxo e permanência que oferece à cidade e ao bairro além da possibilidade de transposição, um espaço público sombreado acessível. O acesso do edifício pela rua João Ciarrochi é uma praça inclinada que conduz ao atendimento/café. Nessa praça também há a continuidade da transposição transversal, uma escadaria que conecta a rua com o nível do platô. A transposição transversal promove a setorização do edifício, separando entre bloco esportivo (norte) e bloco sócio-cultural (sul).
2.2 – transposição longitudinal ao terreno
A rua interna que faz a conexão em nível entre a rua João Ciarrochi e rua Maestro Baggio Pincelli proporciona mais dois acessos para os pedestres, o acesso de veículos ao estacionamento e viabiliza a circulação eventual de de serviço. Além disso, auxilia na compreensão e distribuição dos programas. Ao se deslocar por ela, o transeunte tem contato visual com as atividades que acontecem nos demais pavimentos e, assim, a rua interna funciona como uma vitrine das atividades do SESC. A transposição longitudinal divide o programa em dois edifícios: um destinado aos programas de menor porte (leste) e outro destinado aos programas de maior porte (oeste).
3 – platô, cota 561
O nível do platô, situado na cota 561 foi designado como cota 0 do projeto. Nesse nível, acontece a intersecção entre as transposições. Na confluência dessas transposições, há uma praça central coberta que é servida por programas de caráter público. A partir desse nível é possível contemplar a área preservada e o pôr-do-sol e observar atividades restritas como piscinas cobertas. O Platô é um amálgama entre programas técnicos – estacionamento, docas e manutenção predial – e programas de caráter amplamente público – clínica odontológica, restaurante, praça de convivência de jovens, parque lúdico, área infantil interna, apoio ao turismo e loja Sesc. É o nível onde se dá a integração entre o ambiente construído e o ambiente natural protegido e estendido na forma de parque.
4 – permeabilidade e percurso
Além da permeabilidade do térreo, a circulação em galerias laterais, ora em rampas, ora em lajes planas, permite o acesso visual a todas as atividades durante o passeio. Foram projetadas para se tornarem elementos permanência e de ocupação livre, para encontros casuais e para a contemplação. Essas circulações também atendem a um segundo objetivo: contribuem para o desempenho térmico, uma vez que formam um colchão de ar ventilado de aproximadamente 3 metros, entre a pele de cerâmica e madeira e o programa. Essa solução foi concebida considerando, também, a orientação das fachadas leste e oeste. No perímetro das coberturas, a circulação se mantém generosa. Isso possibilita ações educativas, como visitas guiadas para secundaristas, universitários e o público geral e, também, acesso para manutenção às placas fotovoltaicas e de aquecimento solar e ao sistema de iluminação e ventilação natural (sheds).
5 – terreno, plano ambiental e geotécnico
Foram adotados três eixos de atuação. Reflorestamento e paisagismo, sem cortes e aterros ou contenções, destinado à reflorestamento e paisagismo, com retaludamento suave. Pequenos cortes, contenções e retaludamentos na área destinada às escadarias e rampas drenantes. Área de menor permeabilidade com pavimentação, destinada aos cortes, aterros e contenções mais relevantes do projeto.
6 – subsolo
Foram projetadas duas opções de cortes e contenções. Em uma delas, a opção preferida, temos apenas as vagas do nível do platô (62), ocupando 1900 metros quadrados. O pequeno corte/aterro define o pavimento semi-enterrado com 1500 metros quadrados, que abriga as instalações específicas e as instalações interativas. Nesse caso, temos um nível semi-enterrado com corte/aterro mínimos, que atende às instalações específicas e as instalações interativas. Na segunda opção, a extensão do nível semi-enterrado para um subsolo mais profundo que abrigaria, além das instalações específicas , um estacionamento para mais 92 vagas, com acesso independente em trincheira pela rua lateral, totalizando 154 vagas. Com essa condição, os cortes e contenções aumentam consideravelmente, encarecendo a obra.
7 – sistema construtivo e materialidade
O sistema construtivo foi concebido visando atender às normas de desempenho (NBR 15.575) e racionalidade construtiva, buscando a inovação na associação de tecnologias já consagradas e uma identidade para o conjunto. As fundações são pontuais e os vãos moderados devido à resistência do solo e dificuldade de escavação. Foi adotada a estrutura metálica pelo alto nível de pré-fabricação e racionalização da construção e consolidação no mercado. As lajes alveolares são pré-fabricadas, vencendo vãos regulares de 12 metros e há laje nervurada na excessão para suportar a quadra descoberta e marcar os acessos principais com vão de 24 metros. As vedações e divisórias internas são em CLT e painéis estruturados leves de madeira (woodframe). A escolha pela madeira para essa função é a de incorporar ao edifício elementos construtivos com matrizes energéticas renováveis e passíveis de pré-fabricação, com normativas e avaliações técnicas disponíveis para projeto. No revestimento da fachada, optou-se pelo cerâmico não-aderido, considerando o critério de manutenibilidade e vida útil da fachada (NBR 15 575). Trata-se de um revestimento considerado leve além de possuir baixa condutividade térmica e, por não ser reflexivo, também não devolve calor nem luz excessivas para o entorno. As coberturas metálicas com orientação norte/sul permitem inclinar as águas para norte e as aberturas para sul. Essa orientação é ideal para receber as placas fotovoltaicas e painéis solares (norte), por permitir a entrada de luz e ventilação naturais, contribuindo para a eficiência energética do complexo, considerando-se o índice solar métrico da latitude de Limeira, que é de 5 a 5,5kwh/m2 e uma área de 1900m2 de placas.
equipe:
Ana Luiza David, André Stefanini, André Ferreira, Carol Santos, Christian Salmeron, Fernando Banzi, Guilherme Tanaka, Marcelo Jun, Maria Cau Levy, Matheus Molinari Murilo Lazari, Silvio Nascimento, Victoria Braga, Vítor Pena